75% dos empresários brasileiros perdem oportunidades de negócios devido à falta de comunicação
28/09/2017

A falta de comunicação em língua estrangeira custa para o Reino Unido US$ 64 bilhões por ano, o que significa dizer que o Brasil sofre em escala ainda maior por não utilizar a língua franca mundial. Uma nova pesquisa da Verbling, uma das maiores plataformas online de aprendizado de idiomas, publicada hoje, reforça ainda mais o tema: 20% dos brasileiros já cometeram algum erro no trabalho por não entenderem uma expressão corporativa em uma língua estrangeira.

Três em cada quatro brasileiros sentiram-se envergonhados quando colegas de trabalho utilizaram expressões corporativas que são, por vezes, incompreensíveis até mesmo para falantes nativos do idioma.

Os custos deste tipo de prática são grandes. É estimada que a falta de capacidade linguística representa um “imposto” de 7% no comercio exterior. Isso quer dizer que o Brasil passou por um ‘imposto’ de ineficiência e oportunidades perdidas de US$22.5 bilhões em 2016. Em uma pesquisa realizada pela revista inglesa The Economist, 74% dos dirigentes de empresas brasileiras ou perdeu clientes ou oportunidades por falta de comunicação em língua estrangeira, algo que soma a bilhões de reais por ano. Neste relatório, o Brasil se posicionou entre os países mais prejudicados pelo problema, junto com a China significando que as perdas reais podem ser muito maiores.

Mesmo para quem é fluente no idioma, certas expressões pouco comuns podem se tornar um problema. Um estudo recente do Reino Unido mostrou que frases como “blue sky thinking” e “thought shower” estão entres os 10 termos corporativos mais odiados no país. Estudos sugerem que o uso de tais palavras é desnecessariamente confuso, isola novos membros da equipe, e acaba funcionando como uma barreira a novos negócios.

Verbling, plataforma lançada no Brasil em 2013 que proporciona acesso privado e online a aulas com professores nativos, entrevistou 360 brasileiros que estão aprendendo inglês corporativo. Destes, somente 18% dos entrevistados sabia que “blue sky thinking” significava pensar criativamente – fora da caixinha – enquanto 36% compreendia que “thought shower” é um sinônimo de brainstorm.

O mais preocupante, porém, é a descoberta de que um em cada quatro brasileiros afirmou que estaria disposto a fingir que sabe uma expressão para evitar maiores constrangimentos. Além disso, somente 39% daqueles que falaram que não tinham conhecimento do significado correto de “blue sky thinking”, chegaram a considerar isso, com aproximadamente 31% acreditando que significava pensamento positivo e cerca de 18% afirmando que é “pensar fora da caixinha”.

Do mesmo modo, enquanto 34% admitiu que não sabe o que é “thought shower”, outros 31% dos entrevistados pensavam que era ou um banho frio ou a chance de esfriar a cabeça.

“O potencial para interpretações erradas é muito alto quando esses tipos de idioma são utilizados, mas, infelizmente, isso prevalece no inglês corporativo, apesar de ser comumente detestado” afirmou Mikael Bernstein, um dos três ex-estudantes da Universidade de Stanford que ajudaram a lançar a Verbling em 2011, e assistiram a plataforma crescer a mais de um milhão de usuários

Cerca de 36% dos entrevistados da Verbling afirmaram que se alguém usa uma expressão que eles não conhecem em uma reunião, eles perguntam imediatamente para esclarecer, no entanto, outros 25.4% revelaram fingir saber o que significa e 30% confessaram que preferem buscar online do que perguntar.

“O importante é que os brasileiros não deveriam se sentir envergonhados por não saberem o que essas expressões significam”, explica Mikael. “Algumas pessoas que falam inglês nativo não fazem ideia do que esses termos querem dizer. As pessoas usam com frequência quando querem parecer mais inteligentes ou importantes, todavia pode ter um efeito prejudicial – especialmente se membros da equipe acharem que seu chefe é superior. Nós sempre sugerimos: na dúvida, pergunte à pessoa que o usou o que o termo realmente significa”.

A situação pode ir além de um pequeno mal-entendido no ambiente de trabalho. Por conta de uma espécie de “telefone sem fio” entre idiomas, qualquer tradução errada, não apenas em expressões corporativas, pode ocasionar grandes perdas financeiras para empresas e até para governos. Veja três vezes em que isso aconteceu:

1) Erro em embalagem resulta em recall caro na Espanha
Uma empresa espanhola foi forçada a recolher 4.6 milhões de latas de alimento em pó para bebes em 2001 por causa de instruções de preparo erradas na embalagem. A indicação das medidas do produto e de água estavam perigosamente incorretas, podendo ocasionar convulsões, batimento cardíaco irregular, náuseas e até a morte em crianças. O produto teve de ser recolhido imediatamente, e ainda que isso tenha sido feito antes de causar riscos, o recall teve um custo de mais de 10 milhões de dólares, incluindo o recolhimento, armazenamento e destruição do produto, além dos custos incalculáveis de reputação e vendas futuras.

2) Sharp volta atrás após tradução falha
Anúncios de semestres ruins sempre afetam o valor das ações de uma empresa, mas quando a gigante japonesa Sharp publicou um comunicado nos EUA dizendo ter “sérias dúvidas” sobre seu futuro, o resultado foi pior ainda do que o previsto: uma redução de 10% nas ações. Na verdade, a incerteza sobre a continuidade da empresa não passava de um erro de tradução. Alguns dias depois, a declaração foi corrigida, deixando claro que não havia dúvidas quanto a capacidade da Sharp de seguir em frente. As ações voltaram a subir, mas o estrago já estava feito.

3) Tradução errada em diagnóstico causa tragédia e prejuízo financeiro
Um jogador de baseball de 18 anos se tornou tetraplégico devido a um diagnóstico errado de um hospital no sul da Flórida, nos EUA, em 1980. Sua família o descreveu como intoxicado, já que acreditavam que ele estava sofrendo de intoxicação alimentar. Na linguagem inglesa, o termo remete a pacientes com overdose de drogas. Foi para isso que ele foi tratado, deixando o verdadeiro problema, uma hemorragia cerebral, continuando por dias, resultando em sua paralisia total. O acordo entre a família e o hospital por negligência foi estipulado em 71 milhões de dólares.

Assine nossa newsletter!

    Aceito a Política de Privacidade


    Aceito receber informativos por e-mail, SMS e WhatsApp.

    Precisa de Ajuda?
    Fale Conosco!