Brasileiro faz sucesso na china exportando componentes eletrônicos
02/10/2017

Em 2016, a Winpoint, criada por Rodrigo Luis Bofe, vendeu 100 milhões de peças, usadas na construção de produtos de marcas como Toshiba, Lorenzetti, Arno e Duratex

 

Ir para a China sem conhecer nenhuma palavra de mandarim parece loucura, certo? Mas foi isso que o empresário Rodrigo Luis Bofe, hoje com 41 anos, fez. Além de aportar em Hong Kong em 2009 sem praticamente nenhum conhecimento do idioma, o paulista fundou lá sua própria empresa de exportação de componentes eletrônicos, a Winpoint.

A empresa, que hoje possui clientes como Toshiba, Lorenzetti, Arno e Duratex, teve um início bem mais humilde do que parece.

Em 2009, quando foi criada, ela era composta apenas por Bofe, que vivia uma rotina apertada para buscar fornecedores chineses e manter o contato com seus clientes brasileiros.

“Eu conversava com os compradores do Brasil das 20h até às 3h da manhã daqui, já que para vocês aí o dia estava apenas começando. Depois, eu dormia um pouco e acordava às 8h para ir até o mercado de componentes de Hong Kong. Eu entregava a todos os comerciantes uma planilha impressa com os produtos pedidos para realizar a cotação”, diz Bofe. “Depois do almoço, eu passava recolhendo e, em casa, fazia a seleção dos mais baratos para poder oferecer aos clientes.”

Tudo isso sem saber nenhuma palavra do idioma oficial da China, o mandarim. “Eu só sabia dizer ‘por favor’ e ‘obrigado.’ Mas com o tempo eu fui captando e aprendendo a me comunicar com todos os fornecedores de lá”, afirma Bofe. Em pouco tempo, o empresário, que se formou em comércio exterior, ficou conhecido pelos lojistas do comércio local apenas como “Luis”.

Essa foi a realidade da empresa em seus três primeiros anos. Até 2010, Bofe era patrocinado por um parceiro brasileiro, que fazia a mediação com os clientes de seu país natal. Mas o empresário acreditava no potencial para fazer tudo sozinho e depois daquele ano, todo o trabalho começou a ser feito exclusivamente por ele.

Nos primeiros anos na China, além dos problemas com o idioma, a vida financeira do empreendedor não era das melhores. “Até 2012 eu vivia com uma renda média de US$ 2 mil para você ter uma ideia”, afirma ele. Bofe, porém, diz sempre ter acreditado na proposta da empresa. “Eu fazia um trabalho parecido quando trabalhava no Brasil antes de vir para cá”, diz ele, que cuidava de importação e exportação para uma empresa particular antes de ficar desempregado e se aventurar pelas vielas dos mercados chineses.

“Eu tinha percebido que o empresário brasileiro queria ter uma independência dos fornecedores daqui. Ele queria fazer uma compra independente de produtos chineses, mas não tinha segurança de fazer isso porque não tinha ninguém aqui para intermediar essa relação”, afirma.

Em seu quarto ano na China, Bofe sentiu o primeiro respiro. Depois de fazer seu nome ficar suficientemente conhecido, ele conseguiu dois parceiros fortes no Brasil. “Aí meu faturamento começou aumentar realmente. Foi para US$ 8 mil e em 2013, eu já estava com US$ 50 mil.”

Em 2014, Bofe já possuía escritório próprio e dois funcionários que faziam o trabalho de cotação para ele. Ele começou a focar em estratégia de marca e quis buscar parceiros chineses para vender produtos no Brasil com sua marca própria. A ideia deu certo.

“Essa época foi meu grande estouro. A partir daí minha empresa ficou realmente forte e eu já era procurado pelos clientes de forma ativa.” Em 2015, a empresa recebeu o certificado de excelência em vendas pelo ISO9001 e teve acesso direto às empresas multinacionais com as quais hoje faz negócio.

Segundo Bofe, o diferencial da empresa sempre foi o atendimento. “Preço é uma coisa que pode ser feita em qualquer lugar, mas cuidado e prestatividade são únicos e ficam na cabeça do comprador.” Para ele, o cuidado com a logística e a preocupação com todo o processo de entrega foram essenciais para valorizar a empresa aos olhos dos compradores.

Hoje, a empresa possui 12 funcionários e um laboratório para testes de qualidade e exportou mais de 100 milhões de peças em 2016 – Bofe não revela seu faturamento atual.

No Brasil, a empresa tem quatro vendedores e um engenheiro que presta consultorias a empresas para verificar quais componentes estão encarecendo o preço de produção dos produtos da empresa.

“Atendemos muitas empresas da linha branca, mas hoje estamos firmando parceria com uma nova fábrica para produzir componentes para a área de robótica e a de painéis solares, algo que anda sendo tendência no mundo todo”, afirma Bofe.

 

Fonte – Pequenas Empresas, Grandes Negócios

Assine nossa newsletter!

    Aceito a Política de Privacidade


    Aceito receber informativos por e-mail, SMS e WhatsApp.

    Precisa de Ajuda?
    Fale Conosco!