O primeiro semestre de 2020 foi extremamente favorável aos Estados Unidos em negociações com o Brasil. O país fechou os seis meses iniciais do ano com superávit de US$ 3,131 bilhões em trocas comerciais com os sul-americanos, maior resultado registrado em igual período desde o início da série histórica da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), órgão ligado ao Ministério da Economia do Brasil.
Entre janeiro e maio, as exportações dos Estados Unidos para o Brasil somaram US$ 13,179 bilhões. Em contrapartida, os sul-americanos venderam US$ 10,048 bilhões para o parceiro.
O resultado remonta ao desequilíbrio de 2013, ano em que os Estados Unidos tiveram o melhor resultado em negociações com o Brasil. Os norte-americanos fecharam aquela temporada com superávit de US$ 11,372 bilhões em negociações com o parceiro, recorde na série histórica anual da Secex.
Os Estados Unidos são atualmente o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China. Entre 2010 e 2019, de acordo com a Secex, eles tiveram US$ 53,4 bilhões de superávit nas negociações com o mercado brasileiro.
O número positivo dos norte-americanos também representa um recorde para a série da Secex, que começou a ser editada em 1997.
No período entre 2010 e 2019, o único ano em que o Brasil teve vantagem foi 2017. Naquele período, os sul-americanos registraram US$ 26,873 bilhões em vendas para os Estados Unidos e importaram US$ 24,847 bilhões.
O que significa o superávit dos Estados Unidos
De acordo com dados da OMC (Organização Mundial de Comércio), o Brasil responde por 1% do volume de negócios do mundo atualmente. O patamar ocupado pelo país, que é o 28º do planeta em comércio internacional, é o mesmo há mais de uma década.
Como o volume é relativamente pequeno, portanto, a importância das negociações com os Estados Unidos é gigantesca. Isso oferece dois caminhos claros para quem deseja trabalhar com comércio exterior: ter como foco as importações e priorizar produtos norte-americanos. Os dois caminhos, afinal, são menos suscetíveis a instabilidades.
Como o exemplo da pandemia se aplica aos Estados Unidos
Todos os números do Brasil em 2020 foram afetados pela pandemia do novo coronavírus. Esse é mais um exemplo da estabilidade de quem trabalha com importações dos Estados Unidos.
Segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria), 57% das empresas brasileiras foram afetadas pela pandemia. As exportações do Brasil caíram 6%, e as vendas para os Estados Unidos tiveram tombo ainda maior: 37,4%.
Pandemia proporciona superávit histórico para o Brasil
As oscilações de mercado durante a pandemia têm apresentado alguns resultados positivos para o Brasil. Em julho, por exemplo, o país teve superávit de US$ 8,1 bilhões, maior resultado desde o início da série histórica, em 1989.
Esse número tem relação com dois fatores: as importações do Brasil diminuíram, e as vendas para o exterior cresceram.
A exportação do Brasil foi alavancada por questões como a variação cambial e a capacidade produtiva do país, em especial em commodities como a soja.
No caso das importações, ainda que o volume total tenha despencado, as compras de produtos provenientes dos Estados Unidos caíram menos. A estimativa é que o Brasil tenha importado 5% a menos do país.
Direção,
Marcus Vinicius Tatagiba.
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