Exportação ajuda a elevar produção industrial
16/10/2017

O aumento na exportação da quantidade embarcada ajudou a elevar a produção física da indústria de transformação no segundo quadrimestre.

Com a recuperação do comércio internacional, o volume embarcado por esse segmento subiu 1,5% de maio a agosto contra iguais meses do ano passado enquanto os preços cresceram 7%. Trata-se de uma mudança em relação ao primeiro quadrimestre, quando o valor exportado reagiu, mas foi puxado pelos preços, que avançaram 11,7% enquanto o volume exportado caiu 1,6%.

O aumento de preços é considerado importante para os segmentos industriais porque resulta em elevação de receitas e recomposição de margens, dizem analistas. Mas o aumento do volume exportado contribui de forma mais dinâmica para atividade industrial porque permite elevar a produção física e contribui para a ocupação de capacidade. No segundo quadrimestre a produção física da indústria de transformação cresceu 2,9% em relação a igual período de 2016. Dentre 22 setores de atividade, em dez houve elevação de produção física e de quantum embarcado de maio a agosto. Nos quatro meses anteriores essa alta simultânea ocorreu em apenas cinco segmentos. Os dados foram levantados pela Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

André Mitidieri, economista da Funcex, destaca que a elevação de volume ocorreu de forma mais acentuada em alguns setores, com destaque para a fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias, cuja produção industrial cresceu 18,6% e o quantum embarcado avançou 32,2% de maio a agosto.

Ainda segundo a Funcex, a indústria de máquinas e equipamentos aumentou em 12,9% o volume vendido ao exterior, o que contribuiu para alta de 4,7% na produção física do segmento. Os fabricantes de produtos de borracha e material plástico exportaram 8,7% mais e aumentaram em 3,5% a produção física. No setor de metalurgia e de fabricação de móveis o quantum embarcado subiu 3,1% e 4%. A produção industrial cresceu 0,8% e 8,2%, respectivamente.

Os dados, diz Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), mostram que o aumento de quantum indicado vem de setores tradicionalmente exportadores e, por isso, ainda estão muito concentrados. Ele destaca que mesmo a alta em máquinas e equipamentos veio puxada, segundo dados do próprio setor, por demandas em segmentos específicos, como transportes e implementos agrícolas.

Na segmentação da exportação industrial por categorias de uso feita pelo Ibre, o volume embarcado é puxado pelos bens de consumo duráveis, que cresceram 53,4% de agosto de 2016 para igual mês deste ano. Os não duráveis subiram 8% enquanto os bens intermediários avançaram 13,2%. Os semiduráveis subiram 1,4% enquanto os bens de capital recuaram 20,8%. Os números, diz a economista e pesquisadora do Ibre, Lia Valls, reafirmam a importância do setor automotivo na melhora do desempenho da exportação da indústria. Mesmo assim, avalia ela, há uma tendência de difusão maior da elevação de exportações para os demais segmentos.

Apesar de um câmbio não tão favorável, os embarques em alguns segmentos são beneficiados com a melhora do cenário internacional, no qual o comércio mundial volta crescer em nível maior que o da atividade econômica, diz Cagnin. “É uma recuperação lenta. Não vamos voltar ao nível pré-crise, quando o comércio internacional crescia em ritmo duas vezes maior que o da economia. O que se espera é um aumento cerca de 30% maior.”

Outro fator favorável, diz Lia, é que a venda de produtos manufaturados brasileiros destina-se principalmente para a América Latina, cujas exportações também foram beneficiadas com a elevação de preços de commodities. Isso resulta em mais divisas também para a importação por esses países de produtos made in Brasil, diz ela.

Mantendo-se o cenário atual, diz Lia, é possível que o aumento de volume exportado pela indústria siga se recuperando, embora de forma gradual, principalmente porque a expectativa é de continuidade da recuperação do comércio internacional.

Mitidieri, da Funcex, diz que o nível de crescimento das exportações dependem de mais acordos comerciais. Ele lembra que o aumento nos embarques de veículos brasileiros foi propiciado por acordos com países como Peru e Colômbia. Outro fator favorável é a recuperação econômica da Argentina, lembra Lia, para onde o fluxo de embarques melhorou com o afrouxamento das restrições impostas às importações e às operações de câmbio.

A recuperação do comércio internacional, destaca Mitidieri, propiciou o aumento do quantum na exportação como um todo, segundo dados da Funcex. De maio a agosto, o quantum embarcado, considerando o total das exportações, subiu 8,5% em relação a igual período do ano passado enquanto os preços cresceram 5,8%. No primeiro quadrimestre o quantum caiu 0,4%. Foi o avanço de 22% nos preços que promoveu a alta das exportações totais.

O aumento de volume no segundo quadrimestre, ainda segundo dados levantados pela Funcex, aconteceu não só na indústria de transformação, mas em todos os grandes setores. Na indústria extrativa o quantum embarcado aumentou 22,9% enquanto os preços subiram 12,6%. No primeiro quadrimestre o volume na mesma indústria extrativa avançou menos, com alta de 13,4%, mas o preço cresceu muito mais, com aumento de 89,8%.

Nos segmentos não industriais, que incluem agricultura e pecuária, o volume avançou 24,5% no segundo quadrimestre enquanto os preços recuaram 4,7%, invertendo a evolução do primeiro quadrimestre, quando a quantidade caiu 6,4% e os preços subiram 11,4%.

Os dados do Mdic mostram também uma recuperação no valor embarcado de manufaturados, que cresceu 11% de janeiro a setembro deste ano em relação a iguais meses do ano passado. Essa alta, porém, não foi suficiente para fazer com que essa classe de produtos volte a ter o mesmo espaço do passado na exportação total. Com vendas ao exterior de US$ 59,2 bilhões, os manufaturados representam 36% do valor total exportado no acumulado até setembro. Em igual período de 2016, a fatia foi de 38%. Há dez anos, antes da crise financeira mundial, foi de 53%.

 

Fonte – Valor

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