Importação de vestuários no Brasil pode atingir US$ 2 bilhões em 2018 e superar média histórica
22/01/2018

A Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), que reúne as principais redes de varejo de moda do país, também espera crescimento mais forte das importações neste ano em comparação a 2017.

A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) projeta para 2018 um aumento de 10% na importação de vestuário, para pouco mais de 1 bilhão de peças. Em valor, a previsão é de um aumento de 15%, para US$ 2 bilhões. O varejo de vestuário está estimado em 7,05 bilhões de peças, com expansão de 5%. A produção nacional de vestuário deverá crescer 2,5% no ano, para 6,05 bilhões de peças, na estimativa da Abit.

“Não esperávamos que as importações crescessem tanto em 2017. A expectativa é que, em 2018, haja um aumento menos intenso das importações”, disse Fernando Pimentel, presidente da Abit. Em 2017, as importações cresceram 51,3% em volume. Ainda assim, se essas previsões se confirmarem, as importações de vestuário em 2018 passarão a representar 14,4% do total de vendas de vestuário no país. Em 2017, essa participação foi de 13,9% e, em 2015, foi de 8,9%, embora em anos anteriores esses itens tivessem participação média de 13%.

A Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), que reúne as principais redes de varejo de moda do país – como C&A, Forever 21, Cia. Hering, Marisa, Inbrands, Renner, Restoque, Riachuelo e Zara (Inditex) -, também espera crescimento mais forte das importações neste ano em comparação a 2017.

“Existe interesse dos varejistas em privilegiar o produto nacional, mas as importações são uma forma de diferenciar suas coleções, trazendo materiais diferentes, com apelo de moda diferente”, afirmou Edmundo Lima, presidente da Abvtex. “A perspectiva é de um crescimento maior na importação, mas não será um volume desproporcional.”

Gilberto Stocche, presidente da Santista Jeanswear, lembra que nos anos de crise as indústrias brasileiras de vestuário investiram mais em peças de malha fabricadas no país e reduziram as importações de tecidos planos, que são importados e mais caros. Além do custo mais baixo, a produção local dá mais flexibilidade às indústrias que fazem as encomendas: elas podem solicitar volumes menores, com prazos de entrega mais curtos, em comparação aos contratos de importação de vestuário.

“À medida que o consumidor dá sinais de recuperação, as indústrias se sentem estimuladas a investir mais em inovação e em peças mais elaboradas”, afirmou Stocche. Na visão do executivo, as varejistas de moda apresentarão no ano de 2018 coleções mais ricas do que as coleções de 2017, seja em tecidos e acessórios, seja em número de peças e cortes mais elaborados.

Além do aspecto de moda em si, a perspectiva de um câmbio mais estável também favorece a retomada das importações do setor de vestuário. O Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central na semana passada, reportava uma estimativa de dólar médio no fim de 2018 cotado a R$ 3,34, praticamente estável em relação ao fechamento de 2017, quando o dólar chegou a R$ 3,31%, com alta acumulada no ano de 1,99%. Em 2017, o dólar médio PTAX ficou em R$ 3,1925.

De acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), no ano passado, as importações de vestuário somaram 904,9 milhões de peças, com aumento de 59,5% sobre o total importado em 2016. Em valor, as importações avançaram 23,3%, para US$ 1,53 bilhão.

A Abvtex fez um levantamento qualitativo com as varejistas associadas. Segundo Lima, as empresas foram unânimes em afirmar que as vendas de Natal de 2017 cresceram em relação ao Natal de 2016.

Em janeiro, as varejistas de moda deram início às liquidações de verão, como é de praxe no setor. “Os varejistas relataram que estão com estoques bem justos e não têm muito volume para liquidação”, afirmou Lima. O executivo acrescentou que as varejistas associadas da Abvtex planejam, em sua maioria, aumentar o número de lojas, ou reformar lojas existentes neste ano. Em relação às chuvas persistentes, Lima disse que as varejistas ainda não relataram perda de vendas por conta do clima.

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