Participação de industrializados aumenta na exportação
08/05/2015 Notícia industrializados

 

Uma conjunção de elementos imponderáveis – como a falta de chuvas, a alta do dólar, a greve dos caminhoneiros e a queda dos preços das commodities – tem contribuído para a substituição de produtos básicos por bens industrializados na pauta de exportações brasileira. Entre janeiro e abril deste ano, a participação de bens industriais nas vendas externas subiu de 48,2% para 52,5%, na comparação com o primeiro quadrimestre de 2014. No mesmo período, o percentual de itens básicos caiu de 48,9% para 44,7%, de acordo com números divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).

Diversos fatores influenciaram negativamente essa conta, explica o diretor do Departamento de Estatística e Apoio à exportação, Herlon Brandão. “Este ano, o ritmo dos embarques da Soja está mais lento do que em 2014, o que reduz a participação de itens básicos. Além disso, a ocorrência de chuvas fortes em diversos portos também atrapalhou bastante o embarque de mercadorias a granel, que são transportadas apenas com tempo seco”, frisa o técnico.

Dentre os fatores que prejudicaram as exportações em abril, nenhum foi mais devastador que o incêndio em tanques de combustível no Porto de Santos, que deixou o maior terminal marítimo da América Latina praticamente parado por 10 dias. Segundo o Mdic, a interrupção dos trabalhos resultou em queda de 58,5% nas embarcações totais do Porto de Santos em abril. Apenas a exportação de Soja encolheu 85% no período, diz Brandão.

Aparalisação em Santoscontri-buiupara a queda de 23,2%nas exportações em abril, pela média diária. Mas, com o porto fechado, também as importações cederam, só que em ritmo mais elevado, 23,7%. Resultado: pelo segundo mês consecutivo a balança comercial fechou no azul, com saldo de US$ 491 milhões. O desempenho ajudou a reduzir o déficit acumulado no ano para US$ 5,066 bilhões. Mas, embora os números mostrem uma tendência positiva, sobretudo de redução da participação de produtos básicos na pauta de exportações, isso não quer dizer que o Brasil esteja ampliando as exportações, nem que o maior volume de vendas externas seja de itens industrializados, conforme frisa o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.

Em abril de 2014, por exemplo, a média diária de venda de bens manufaturados era US$ 323,5 milhões. Em abril deste ano, esse volume diminuiu para US$ 275,2 milhões – uma queda de 14,9%. Acontece que, no mesmo período, as exportações de básicos caíram o dobro disso, de US$ 530,5 milhões para US$ 377,4 milhões por dia. “Não é um aumento que tenha mérito. Ambos os itens estão caindo bastante este ano, só que a diferença é que os básicos têm caído bem mais. Então, por inércia, os manufaturados sobem, o que dá essa impressão de melhoria na pauta exportadora”, diz.

Embora vista com favorável à primeira vista,a mudançana composição dos saldos comerciais é descrita como “nada confortável” por autoridades do governo, que avaliam a troca de itens básicos por manufaturados ou semifatura-dos – bens com algum tipo de valor agregado – mais ao forte tombo nos preços de commodities do que à efetiva melhoria da indústria, que ainda não ocorreu. A exceção é o setor de alta tecnologia, em especial a indústria aeroespacial, que em 2015 registrou alta de 37% nas exportações de motores e turbinas para a aviação, sobretudo para os Estados Unidos,em função da alta do dólar.

Já o agronegócio, embora tenha encontrado terreno fértil para ampliação de safras em 2015, ainda não conseguiu melhorar a lucratividade, mesmo com o câmbio mais favorável. Herlon Brandão explica por quê. “Em geral, as projeções para a produção Agrícola têm sido muito boas. Nós, por exemplo, esperamos volume recorde de exportação de Soja este ano. Mas, provavelmente, esse maior volume de exportação não compensará a queda do preço da Soja, que, no quadrimestre, já chega a 22%”, avisa o técnico do governo.

Questionado sobre se essa tendência de substituição de básicos por industrializados deverá se repetir ao longo do ano, Brandão foi enfático: “Tomara que não”. A sinceridade da resposta deixa claro que, num ano de forte retração do Produto Interno Bruto (PIB), a recuperação dos preços das commodities tende a ser a salvação da Lavoura tanto para o setor exportador, quanto para o governo, que conta com o setor externo para ajudar a alavancar o crescimento.

Dentre os fatores que prejudicaram as exportações, nenhum foi mais devastador que o incêndio no Porto de Santos, que parou o maior terminal marítimo da América Latina por 10 dias

Em abril de 2014, a média diária de exportação de bens manufaturados era de US$ 323,5 milhões. Em abril deste ano, esse volume diminuiu para US$ 275,2 milhões – queda de 14,9%.

FONTE: www.cenariomt.com.br

Brasil Econômico

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