Saindo da crise: Acesso aos mercados internacionais
08/06/2016

O acesso aos mercados estrangeiros via comércio exterior é um dever dos produtores nacionais diante da retração da demanda nacional e da ausência de indícios de retomada do crescimento econômico a curto prazo.

Os executivos de pequenas e médias empresas brasileiras continuarão enfrentando muitos desafios e encontrando poucas oportunidades em 2016. Certamente a principal e mais tangível oportunidade da atual crise é a desvalorização do Real, conveniente para a necessidade incontornável de explorar os mercados internacionais.

Após anos de taxa de câmbio sobrevalorizada, que extraia a competitividade de nossos produtos, os indicadores macroeconômicos apontam ao menos três anos de câmbio competitivo para os produtos nacionais. No entanto, para competir no mercado internacional a vantagem cambiária não é suficiente. Com preparo e assessoria de profissionais especializados em acesso aos mercados internacionais, começar a exportar para os parceiros regionais como Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia e Peru ou mercados tradicionais como os Estados Unidos e a União Europeiase torna um processo mais eficiente e ágil do que muitos imaginam.

Por onde começar?

O passo inicial é definir o mercado de interesse. Antes de tentar mercados mais exóticos e distantes, recomenda-se que se inicie por mercados tradicionais ou regionais. Neste sentido dois mercados merecem destaque para os empresários brasileiros com intenção de exportar seus produtos – União Europeia e Argentina.

Há muitas razões para que o Brasil assine a médio prazo, unilateralmente ou como Mercosul, um tratado de livre comércio com a União Europeia, portanto é fundamental que as pequenas e médias empresas brasileiras se preparem desde já para este possível acesso ao enorme mercado europeu. A União Europeia com seus vinte-oito países membros forma o maior mercado comum do mundo com aproximadamente 500 milhões de consumidores.

Trata-se de mercado com harmonização avançada de regras, altamente competitivo e regulado com severas leis contra monopólios, praticas anti-concorrenciais, domínio de mercado, acordos de fixação de preços. Mercado comum composto por consumidores de variados níveis de renda, preferencias e grupos etários, apresentando oferta elevada, altíssima concorrência e alta diversificação de produtos.

As oportunidades associadas ao mercado argentino surgem a partir do novo governo doPresidente Mauricio Macri que eliminou as muitas barreiras não tarifárias, como por exemplo, as licenças de importação implementadas durante os dois mandatos da ex-presidente Cristina Fernandez Kirchner (as exportações brasileiras de produtos manufaturados foram afetadas por medidas protecionistas discricionárias adotas entre 2012 e 2015). Outra oportunidade para os produtores brasileiros é a taxa de câmbio bilateral que pela primeira vez desde 2003 favorece os produtos brasileiros.

Preparando o terreno

Preparar-se para alcançar o acesso a mercados internacionais passa necessariamente por cinco etapas de execução:

1. Estudo de viabilidade de mercado;

2. Identificação da documentação exigida, barreiras tarifarias e não-tarifarias;

3. Análise de riscos e competitividade de seu produto vis-à-visaos concorrentes;

4. Triagem de parceiros locais e formulação de estratégia de entrada;

5. Realização de testes e preparação de documentação.

O estudo de viabilidade de mercado apresenta asíntese dos mais importantes indicadores econômicos, tecnológicos, sociais e políticos. Certos indicadores econômicos e tecnológicospermitem estimar asperspectivas futuras das variáveis macroeconômicas chaves para o crescimento econômico como um todo, do mercado consumidor local e o crescimento potencial de um determinado segmento de mercado, assim como o seu nível de competitividade e inovação.

Os indicadores sociais apresentam o nível geral do consumidor em termos de hábitos e tendências de consumo associados ao estilo de vida,nível educacional, tendências demográficas do mercado consumidor em termos de crescimento e grupos etários e socioeconômicos. Os indicadores políticos tratam de apresentar cenário demanutenção ou mudanças das regras do jogo, regulamentação de mercados, normatização de produtos. O estudo de viabilidade também identifica e estima riscos políticos, econômicos e comerciais extraordinários.

Na segunda etapa o fundamental é entender o funcionamento completo do mercado do ponto de vista de sua regulamentação para que todos os documentos exigidos sejam corretamente providenciados.O direito aduaneiro regula e controla a entrada e circulação de mercadorias vindas do exterior, contemplando tarifas, impostos e taxas que incidem sobre produtos importados, assim como mecanismos de controle e regulação não tarifários como, por exemplo, cotas, medidas antidumping e salvaguardas, regras fitossanitárias para produtos agrícolas e de origem animal, regras meio-ambientais e técnicas, restrições e licenciamentos de importação, entre outras.

Também se deve levar em contaas regras de origem assim como os Sistemas de Preferências Generalizadas e Acordos de Comércio Preferencial (como por exemplo as áreas de livre comercio e uniões aduaneiras). Nesta etapa lista-se também os formulários, taxas e documentos exigidos para o envio e entrada de produtos ao destino. Finalmente, deve-se estudar as regras e procedimentos para estandardização, qualidade, informação contida em etiquetas e rotulagens e acreditação pelos órgãos competentes de países ou mercados comuns.

A terceira etapa do processo de execução para acesso a outros mercados é a análise de riscos e competitividade de seu produto vis-à-visaos produtos disponíveis no mercado almejado. Trata-se de exercício crítico para uma entrada bem sucedida, pois visa o cálculo de custos estimados de internalização do produto e a identificação do segmento de mercado alvo e possíveis canais de distribuição e associações com agentes locais.

Nesta etapa estima-se os investimentos necessários para adequação ou ampliação da capacidade produtiva para acesso e crescimento no novo mercado. Enfim, mas não menos importante, faz-se necessário o cálculo de custos e riscos implícitos entre as opções e canais de financiamento, garantia e seguroe possíveis estruturações em operações de comércio exterior.

A partir de toda informação levantada e analisada nas três etapas descritas acima são traçadasas possíveis estratégias de entrada, seus custos, riscos e probabilidade de sucesso em um determinado espaço de tempo. Um relatório final indica se um dado produto esta apto para um determinado mercado segundo suas regras de entrada, custos de internalização e distribuição ou aponta quais seriam as modificações e investimentos necessários para uma entrada exitosa. Uma vez que as condições para entrada são ideais inicia-se o contato e negociação com possíveis compradores e agentes locais de importação, distribuição ou representação do produto. Formula-se então um plano de ação e execução.

O passo final é a preparação da documentação necessária, elaboração de rótulos e etiquetas com informações exigidas em inglês e/ou outros idiomas, e envio de amostras para realização de testes de qualidade e estandardização.

Todos os serviços de prospecção, análise e execução necessários para uma bem sucedida entrada em mercados internacionais são oferecidos pelos especialistas que constituem a equipe multidisciplinar da Barral MJorge Consultores Associados. A exploração de oportunidades em novos mercados por parte de pequenas e médias empresas deve ser bem fundamentada e portanto contar com suporte e assessoria de profissionais com experiência prática nos mercados almejados, garantido assim o retorno sobre o tempo e capital investidos eo êxito nas operações de comércio exterior.

(* ) Jonas Rama é um experiente analista econômico e financeiro especialista em estudos de mercado e de viabilidade em mercados emergentes, particularmente na América Latina. Entre 2008 e 2012, Jonas foi economista na Ecolatina, consultoria em economia e negócios localizada em Buenos Aires, Argentina. Atualmente, é consultor em Estratégia de Mercado e Desenvolvimento de Negócios na unidade de Inteligência de Mercado da Barral M Jorge, em Paris, França. A área inclui a identificação de oportunidades de negócios, planejamento estratégico de mercado e projeção de receitas. Jonas é doutorando na Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne (França), Mestre em Economia pela Universidad de Buenos Aires (Argentina) e Bacharel em Economia pela Portland State University (EUA).

Fonte: Boletim BMJ, edição n04.

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