Síria quer importar remédios e atrair investimentos brasileiros para indústria farmacêuticas
09/11/2017

Em agosto, quatro empresas brasileiras dos ramos de medicamentos e cosméticos participaram de estande montado pela embaixada do Brasil na Feira Internacional de Damasco, que ocorreu pela primeira vez desde 2011.

São Paulo – O ministro da Saúde da Síria, Nizar Yazigi, disse em entrevista à ANBA na noite desta segunda-feira (30) que seu governo busca no Brasil fornecedores de medicamentos e empresas que possam investir na produção de remédios no país árabe. Yazigi está em São Paulo para participar da Cúpula Mundial de Hepatites, que será realizada de 01 a 03 de novembro na capital paulista, e foi recebido em um jantar na Câmara de Comércio Árabe Brasileira.

“Temos dois objetivos: o primeiro é comprar remédios para suprir as necessidades da Síria; e o segundo é fazer planos para linhas de produção conjuntas com empresas estrangeiras em território sírio”, declarou o ministro. De acordo com ele, o país tradicionalmente importa medicamentos para doenças crônicas, para tratamento de câncer e vacinas. “Desde antes da crise”, disse.

Yazigi contou que até 2010 a Síria tinha uma indústria farmacêutica avançada e exportava remédios para outros países do Oriente Médio e Norte da África, mas com o início do conflito civil em 2011 foram fechadas 20 das 70 fábricas existentes. “Apesar da guerra foi possível colocar em funcionamento novamente 16 destes 20 indústrias, mas não à plena capacidade”, afirmou. Ele acrescentou que o governo pretende autorizar a construção de dez novas fábricas.

O ministro ressaltou que o governo fornece remédios gratuitamente para a população, mas além do impacto do conflito na indústria local, a importação de medicamentos foi afetada por embargos internacionais impostos à Síria. Nesse sentido, ele está procurando por fornecedores “em países amigos”. “Nos Brics principalmente”, destacou, referindo ao bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Yazigi disse que em 2015 esteve em Cuba, que passou a fornecer medicamentos à Síria, e mais recentemente viajou ao Irã, Rússia, Bielorrússia, China e Índia. “Para ver nestes países o que há de produtos que a Síria precisa”, explicou.

Para viabilizar negócios com o Brasil, porém, ele afirmou que os dois governos precisam assinar um memorando de entendimentos na área farmacêutica, apesar de já existir um acordo de cooperação bilateral em saúde, assinado quando o presidente sírio, Bashar Al Assad, visitou o Brasil em 2010.

Em agosto, quatro empresas brasileiras dos ramos de medicamentos e cosméticos participaram de estande montado pela embaixada do Brasil na Feira Internacional de Damasco, que ocorreu pela primeira vez desde 2011.

Após reunião do ministro com a diretoria da Câmara Árabe, o presidente da entidade, Rubens Hannun, lembrou que a comunidade de origem síria em São Paulo e no País como um todo “é muito significativa” e a visita é importante, e para a Câmara é relevante acompanhar os acontecimentos na nação árabe.

“Isso nos deixa muito dispostos a colaborar com a reconstrução da Síria”, declarou Hannun. “Não só para gerar negócios para empresas brasileiras, mas também do ponto de vista social”, acrescentou ele, referindo-se ao atendimento das necessidades da população.

O vice-presidente de Marketing da Câmara Árabe, Riad Younes, que é médico, fez uma apresentação ao ministro sobre um projeto de cooperação bilateral que estava sendo realizado antes do conflito na Síria. Na época, Younes era diretor do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, e profissionais brasileiros realizavam um intercâmbio com colegas sírios na área de transplante de fígado, com o objetivo de capacitar os sírios neste procedimento, mas que acabou suspenso.

“Ele (o ministro) gostou muito e agradeceu o esforço da Câmara Árabe (que apoiou o projeto) e disse que adoraria ver esta iniciativa concretizada”, disse Younes, que hoje é diretor do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

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